De Paz e Liberdade
Campo de luz, paz e liberdade,
Nele o humilde também é decente.
O campo dá vida, mas quer sua metade,
Abrindo covas, engolindo a gente.
O campo é retrato fiel do mundo,
Se gera flores, também gera espinhos;
Tem várzeas largas e atoleiros fundos,
Matas e rios atorando os caminhos.
Campo de tropas, rebanhos, tropilhas.
Campo dobrado, mato e japecanga.
Aroma de poejo e flor de maçanilha,
De amor e segredo nas águas da sanga.
Engorda bois, ovelhas e urutus,
E quando verga o varal da charqueada,
Fartam-se homens, perros e urubus,
E para o campo só fogo e mais nada.
Por isso o campo participa e cobra
A alma boa de um campeiro forte!
A dor e o pranto, lágrimas de sobra,
Se o campo abre os porões da morte.
Nos atropelos, nas lidas e mates,
Dá força e tino para a mocidade.
Num ciclo infindo e sem arremates
O campo é vida mostrando verdades.