UMA VIDA SERTANEJA
Com o balde apoiado na cabeça,
Dona Nega descansa os braços,
Mas as pernas fortes caminham,
No cerrado característico do sertão.
Lá vem ela, a minha sertaneja,
Sem poupar as duras lições da vida,
Carrega o balde d’água com peleja.
Não importa se vai ou vem com idas.
Lá vem ela. A minha sertaneja,
Não alega qualquer falta d’água,
Paciência é o tesouro da esperança,
Construindo no tempo com bonança.
Lá vem a dona Nega! A minha sertaneja,
De balde em balde ela enche as vasilhas,
Sem pote na cabeça vai sem molejo,
Arrisca nos cantos dos lábios um gracejo.
Lava os copos de alumínio e as louças do jirau,
Vasilhas que brilham com a luz do sol,
Mata a sede e ainda dá banho nas crianças,
E o sertão da dona Nega vira uma festança.