SERTANEJA “NOS TRINQUES”




Na bela manhã do meu grande sertão,
Os bem-te-vis já cantam no capoeirão,
Reluzindo por trás das matas a canção,
Assim chega mais um dia de oblação.

Dona Nega puxa água do poço com distinção,
Enchendo o balde com água transparente,
Ainda canta uma cantiga ao passar o tempo
Garantindo o bem-estar de toda a família.

Do poço semiárido cantando uma canção,
Ela não repara as cores sortidas das sandálias,
Sozinha, garante o seu bem-estar no sertão,
Trabalha muito mais que certos homens.

Demonstra ser uma combatente com fé,
De torço de cor preta enrolado na cabeça,
Uma combinação do dia com a saia preta,
Blusinha toda azul da cor do céu “nos trinques”,

No meio da mata a gangorra pranteia no pau,
Transversal faz a cordinha azul um escambau,
Se fosse na Bahia de Jorge Amado, era um berimbau,
No geme geme, treme treme rincha e esgoela,
A corda azul na gangorra trás a pureza d’água.

A simples mulher da Princesa do Sertão,
Derrama a água no recipiente com atenção,
Orgulho da dona Nega com a fonte mineral,
Puxando água do poço não há outro igual,
Fazendo feliz a mulher sertaneja no sossego.



ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 12/08/2008
Reeditado em 12/10/2011
Código do texto: T1125064
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