A Franja do Pala
A quietude da ronda, noite escura na coxilha...
E um clarão acendeu lumes no pêlo da douradilha!
Uma estrela andarilha lampejou cortando o breu,
Percorrendo o caminho que leva aos sonhos meus.
O estranho lampejo veio sem assustar, só abismando,
Entre os mugidos do gado eu ouvi alguém falando
Coisas que talvez a gente compreende quando está só,
Fez caravolta o clarão, deixando ao vento uma voz...
Como a dizer segue em frente e luta sem fraquejar!
Faz da fé tua vertente e razão pra caminhar!
Pensei no escuro da noite, mirando o rasgo de luz,
Caiu uma franja do pala, do Pai Eterno... Jesus!
Lampejo divino que diz, mas não fala!
Mensagem ao vento, um sopro na alma!
Visagem ou ilusão pela noite calma.
O clarão de luz! A franja do pala!
Segui na ronda, silente, remoendo meus porquês,
Repassando a própria vida, assobiando um chamamé.
Pensando que a vida é buena e não convém contrariar
Pois os mistérios também nos dão razões pra cantar.
Melodia Vitor Amorim - 8ª Sapecada da Serra Catarinense
3º lugar - Melhor melodia - finalista 16ª Sapecada da Canção Nativa