ZAINA RABICANA
Colosso de bem domada
Esta zaina rabicana.
Encilhada se engalana
Como noite enluarada.
Se respinga uma azebuada
Do rodeio a campo fora,
No convite das esporas
A rês volta paleteada.
Em serviço de rodeio
Ou aparte de mangueira,
Pecha de levantar poeira
Na obediência do freio.
Nesta zaina não me enleio
Se algum touro ventena,
Estraga uma cerca buena,
Pedindo laço e costeio.
E seja o que Deus quiser,
Se a lida é bruta, eu enfrento!
Do arreio tiro o sustento,
Montado enquanto puder.
Com a zaina topo o que vier,
Tem rédea e tem nobreza,
Mesmo só perde em beleza
Prum sorriso de mulher!
Na mescla de sua origem
“Hay” pampa e cordilheira
Doma gaúcha e campeira
– Tem mansidão e canela –
Freio, serrilha e barbela,
Aperos de trança chata;
E um tranco que me arrebata
Pra rumar pro rancho dela.
Cola crespa, rabicana,
Se abre em fios de cachoeira,
Quando esbarro na porteira
Pra “atacá” um mal costeado.
E se o inverno abarbarado
Corta como fio de faca,
Seguimos puxando vaca
Dos tremedais e banhados.
Melodia de Marcelo Oliveira