DA PALAVRA
Os mistérios da palavra
Ninguém pode desvendar.
Ela vive sempre a opinar,
A condenar e a defender
Mas nunca pode esconder
O que está escrito no olhar.
Da palavra tantas mentiras
E também tantas verdades...
Se abriga de ingenuidade,
Veste o poncho do poder.
Mas nunca pode esconder
Do homem a identidade.
A alma do poeta lavra
Sentimentos incessantes
Faz carvão virar diamante
No lapidar das palavras.
A palavra empenhada
É a honra que nos acode
– Se torna fio de bigode –
E o compromisso alinhava
Mas um homem sem palavra
É aquele que nada pode.
A palavra feri fundo
Também anima e conforta
E mesmo grosseira e torta
Quando tem boa intenção
Dá oh de casa a emoção
E o coração abre a porta.
A palavra sempre é forte
É uma adaga que crava
Abre caminho, desbrava
O tempo que hoje contemplo...
E até me diz que um exemplo
Vale mais que mil palavras!