Ah, Minas Gerais!
Ah, minha Minas Gerais!
Prendeste-me em tua simplicidade,
que guarda sinceliosamente
os traços daquele tempo
que não mais hão de voltar.
A fumaça da Maria
que em São João
leva-nos delicademente
aos marcantes passos
do glorioso inconfidente.
As ruas de pedra,
que no silêncio da noite
estronda as correntes dos negros.
O ouro entalhado
nas glórias de um passado
retratam herméticamente
leves segredos
de homens livres de bem.
Ah, Del Rey!
Na simplicidade de uma praça,
compasso e esquadro
guardando seus mistérios.
Na São Francisco,
o pentágono nos guia
para as rosas que crescem em nossa cruz.
Águas de Carrancas,
que na sua beleza
espanta os agouros
da alma e do corpo.
Congonhas que guarda
os profetas do pedreiro livre
marcados pelo barroco, discretamente
nos pés em quarenta e cinco graus.
Ah, minhas Minas Gerais!
se todas tuas riquezas
eu cantasse em meus poemas,
entraria num ciclo,
como a roca que sempre tece,
o manto da Estrada Real...