Vaqueiro, Laço e Gibão
Lá vai o caboclo vaqueiro
Atrás do boi mateiro
Que entranha na capoeira.
Seu cavalo só falta falar
Quando prepara para laçar
Com sua laçada certeira.
Vaqueiro é caboclo tinhoso
Não conhece boi manhoso
Para não ficar amarrado.
Quando o negócio fica sem jeito
Ele quebra galhos no peito
Parecendo um cão danado.
Nem sente o corpo arranhado
Quer é ver boi amarrado
Na chincha do seu cavalo.
Enfrentando todos os perigos
Para mostrar para o inimigo
Que é ele é quem canta de galo.
Quando entra no curral
Conversa com o animal,
E a boiada vai acalmando
Com o seu palavreado
Vão saindo enfileirados
Obedecendo o seu comando.
Enfrentando chuva, frio e lamaçal
Dentro ou fora do curral
Sua tarefa é cumprida.
Estes homens de calos nas mãos
Nos dá a verdadeira lição
De como enfrentar a vida.
Com o laço assina o seu nome
Com as mãos mata a fome
Com o leite que vai pra cidade.
Nas madrugadas escuras
São estas criaturas
Os heróis de verdade.
Não será a tecnologia
Estas que o homem cria
Que vai acabar com a tradição.
Haverá sempre as tetas
De vacas brancas ou pretas
Passando pela suas mãos.
Vaqueiro do sul ao norte
Vaqueiro destemido e forte
Das caatingas e dos pantanais.
De bombacho ou de gibão
Nos campos desse gerais.
Vaqueiros das vaquejadas
Vaqueiros que reúne boiada
Nas madrugadas frias.
E falando com os animais
Bem dentro dos currais
O seu primeiro bom dia.
Com berrante tange o gado
Ou com o aboio cantado
Cada um com o seu jeito.
São poetas verdadeiros
Quando forma a roda no terreiro
Com a viola no peito.