Vaqueiro, Laço e Gibão

Lá vai o caboclo vaqueiro

Atrás do boi mateiro

Que entranha na capoeira.

Seu cavalo só falta falar

Quando prepara para laçar

Com sua laçada certeira.

Vaqueiro é caboclo tinhoso

Não conhece boi manhoso

Para não ficar amarrado.

Quando o negócio fica sem jeito

Ele quebra galhos no peito

Parecendo um cão danado.

Nem sente o corpo arranhado

Quer é ver boi amarrado

Na chincha do seu cavalo.

Enfrentando todos os perigos

Para mostrar para o inimigo

Que é ele é quem canta de galo.

Quando entra no curral

Conversa com o animal,

E a boiada vai acalmando

Com o seu palavreado

Vão saindo enfileirados

Obedecendo o seu comando.

Enfrentando chuva, frio e lamaçal

Dentro ou fora do curral

Sua tarefa é cumprida.

Estes homens de calos nas mãos

Nos dá a verdadeira lição

De como enfrentar a vida.

Com o laço assina o seu nome

Com as mãos mata a fome

Com o leite que vai pra cidade.

Nas madrugadas escuras

São estas criaturas

Os heróis de verdade.

Não será a tecnologia

Estas que o homem cria

Que vai acabar com a tradição.

Haverá sempre as tetas

De vacas brancas ou pretas

Passando pela suas mãos.

Vaqueiro do sul ao norte

Vaqueiro destemido e forte

Das caatingas e dos pantanais.

De bombacho ou de gibão

Nos campos desse gerais.

Vaqueiros das vaquejadas

Vaqueiros que reúne boiada

Nas madrugadas frias.

E falando com os animais

Bem dentro dos currais

O seu primeiro bom dia.

Com berrante tange o gado

Ou com o aboio cantado

Cada um com o seu jeito.

São poetas verdadeiros

Quando forma a roda no terreiro

Com a viola no peito.

Otaviano de Carvalho
Enviado por Otaviano de Carvalho em 30/07/2008
Código do texto: T1104478
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