Em uma pátria chamada Brasil
São tambores os enredos
No aconchego sem gosto
São tantos diversos segredos
Na tez tem o nome oposto
Têm gosto de sal seus medos
Na comunhão sofrido desgosto
Quem não ouviu falar
Da ameaça da fé fingida
Dum mouro no seu batucar
De uma chama na noite perdida
Nas esquinas desse desfraldar
Convocando a honra ferida
De bantos mulatos cablocos
Desse misturar profundo
De capoeiras, maxixes e cocos
Construindo o novo mundo
Por povos na dor quase loucos
Trazidos num porão imundo
Restou triste sorte no açoite
Nas caravelas sangrando a fome
Orando por nós pela noite
Clamando na terra sem nome
Chorando em vão no pernoite
Por um destino sem renome
A sina no demente emudecer
Silenciar da historia contemplo
Liberdades puderam perder
Força e virtude como exemplo
Dum povo que não se deixa vencer
Fazendo do quilombo seu templo
Da liberdade crepúsculos
De vida tão sofrida
Em direito tão minúsculos
Sem fechar essa ferida
Retesado em seus músculos
Por nunca ter uma saída
E se vai a historia a mentir,
Pois o poder sempre a escreve!
Quem a infâmia poderia sentir?
Pela liberdade quem se atreve?
Quem vai ainda se iludir?
E deixar que se releve!