RAÍZES SERTANEJAS
Canto à vida, sou o Tião
e luto com a sorte.
Sou poeta
e vivo no sertão de sul ao norte.
Riqueza é a fonte de minha imaginação,
também o pó da estrada
na certeza que rega o chão.
Com a minha viola rasgada,
com minha voz rouca e cansada
e de vez em quando...
também, com as minhas lágrimas.
Pois, quando a seca é forte,
eu canto também pra morte
que leva aqueles que sofrem
sem nada ter pra comer.
Precisa ver pra acreditar
que é de cortar,
os caminhos do coração.
Chuva aqui nem se fala,
mais há muito calor,
alguns calangos e plantações de palmas
e o povo sua dor esquece,
quando eu me ponho a cantar.
Cantar, sempre foi o meu destino
dom que trago desde menino
e o faço com devoção.
Pra ver se anima essa gente
que planta na vida somente
esperanças que molham a terra
com as sementes da devoção.
E vamos colhendo os frutos da fé,
classificando a seca de guerra
que mata e fere diversos inocentes
sem ter dó, compaixão e nem piedade
desafiando a agonia
no calvário de tantas necessidades.
Ah!
Cantar não traz a felicidade,
mas faz o tempo passar.
Revelando a força de quem vive a lutar
com garra e dignidade,
que aumenta nossa liberdade
de fazer nossos sonhos
criar asas e um dia voar!
Fim desta, Cristina Maria O. S. S. - Akeza.
18/05/1999.