Canção do Exílio
Minha terra tem fruta-pão,
Onde nasceu o Sabiá;
Os poetas que aqui redigem,
Não redigem como lá.
Nosso céu tem menos ozônio,
Nossas várzeas têm mais concreto.
Bosques, nós não temos,
Em compensar, temos insetos.
Em cismar, sozinha, à noite,
Mais prazer encontro eu cá;
Minha terra tem fruta-pão;
Da qual nem uma pude provar.
Minha terra tem cantores,
Que tais não encontro eu lá;
Em cismar – sozinha, à noite –
Mais prazer encontro eu cá;
Minha geladeira tem salada de frutas,
Deixo a fruta-pão para lá.
Mas não permita, Deus, que eu morra,
Sem que eu passe por lá;
Sem que desfrute dos primores
Que não encontro na salada;
Sem qu’inda prove as frutinhas,
As quais provou o Sabiá.
OBS: aê, Gonça, sem ressentimentos.