DISTANTE DEMAIS

Galopa errante,
Na inconstante invernada,
Toca o berrante,
Toca a boiada,
Toca a vida...
Às vezes ingrata,
Ensaia uma serenata,
Mas, não toca a saudade cortante,
Reflete nas retinas,
A vontade de voltar,
Respirar o ar de Minas,
Avistar entre as colinas,
A cancela, o rancho, a cadela,
A latir saltitante,
Vontade angustiante,
De rever os filhos, beijar sua Aurora,
De colocar pra fora,
Tanto querer!
Não, não pode ser,
O progresso chegou;
Mudou o rumo das Gerais,
“Minas não há mais”,
O que boiadeiro fazia, agora,
Caminhoneiro faz.
O jeito é ficar distante,
Continuar errante,
Distante demais,
Pelo menos por enquanto,
Tem um pouco de chão para pisar,
Boiada para tocar...
É o que ele sabe fazer;
Para amenizar o sofrer,
Tira do bolso uma fotografia,
Olha, suspira, assobia,
E deixa o pranto correr...