Professor de História
Quando eu conto
Que nesta terra
A nudez era tão natural
E que o pecado e a malícia vieram de longe,
A bordo de treze naus
Quando eu conto
que os corpos nus
Mirados pelo vento
Vestidos com a inocência
Foram violados por olhos cúpidos
Ultrajados por olhos sedentos
Quano eu conto
Que trouxeram tantos deuses
Novas crenças, todas vãs
Eu já tinha minha fé
Eu já tinha meu pajé
Eu queria trocar meu Tupã?
Quando eu conto
Que o Deus que aqui chegou
Trazido do além-mar
Viajou com o invasor?
Com certeza na primeira maré
Levou um à proa, e o outro se pôs na ré
Quando eu conto
Que tanto se fez
Em nome de uma fé
Matou-se, vestiu-se
E levou o que da terra se apanhava
Para uma desconhecida e longínqua Sé
Quando eu conto
Que para cá trouxeram a Cruz
e contaram seu significado
E sem que ficassem chocados
Cruzaram os corpos mortos e despidos
Com corpos mortos de meninos nus
Quando eu conto
Que tudo que eu conto é verdade
Ah Tupã. que impunidade!
Já não existe Tupi, Tapuia ou Timbira...
Podia ser tudo um conto
Podia ser tudo mentira