Rumo ao pasto

Rumo ao pasto

Sem teto para se abrigar

Deixa a família ao relento

Sem comida para mastigar

Enche a barriga de vento.

Na escola sem professor

A lição não lhe foi ensinada

Tem carteira de trabalho

Que nunca foi assinada.

Entra na fila de madrugada

Em busca da gota de vacina

Que só não pode salva-lo

De uma rotineira chacina.

Com a falta de oportunidade

Vive com a cabeça quente

Obteve certidão e CPF

Na esperança de ser gente.

Percorre os lixos urbanos

à procura de mero ovo

Futebol, samba e novela

Bastam para iludir o povo.

A cada quatro anos

É chamado de senhor

Passado o dia do pleito

Volta a ser pobre eleitor.

Por isto não tem alegria

E passa o dia zangado

Mas sem força e união

Para sempre será gado.

Haroldo
Enviado por Haroldo em 18/12/2005
Código do texto: T87867