Rumo ao pasto
Rumo ao pasto
Sem teto para se abrigar
Deixa a família ao relento
Sem comida para mastigar
Enche a barriga de vento.
Na escola sem professor
A lição não lhe foi ensinada
Tem carteira de trabalho
Que nunca foi assinada.
Entra na fila de madrugada
Em busca da gota de vacina
Que só não pode salva-lo
De uma rotineira chacina.
Com a falta de oportunidade
Vive com a cabeça quente
Obteve certidão e CPF
Na esperança de ser gente.
Percorre os lixos urbanos
à procura de mero ovo
Futebol, samba e novela
Bastam para iludir o povo.
A cada quatro anos
É chamado de senhor
Passado o dia do pleito
Volta a ser pobre eleitor.
Por isto não tem alegria
E passa o dia zangado
Mas sem força e união
Para sempre será gado.