A episteme da antropofagia
Mim ter fome
Mim querer comer
Mim querer engolir
Mim querer expelir
Eu quero saber
Eu quero ter
Eu quero Ser
Eu quero quebrar, romper, remodelar, montar
Dizer!
Dizer que somos mais, maiores, capazes e eficazes
Mim não latir para branco vestido de veludo
Mim não dar a mão para vagabundo destruidor
Mim não pegar espelho
Mim se vê nas águas do rio
Mim comer
Comer Sardinha,
Comer Galinha
Galinha D’Angola
Galinha preta e sem escola
Mim comer e deglutir
Mim sentir
Eu sou, eu sei, eu Ser… eu Brasileira!
Cirandeira, Indígena, Negra
Europeia
Latina
Ocidental
Mim quer Comer
A fome tem nome
Nome de brasileiro intelectual antropófago:
Deglutinador Nato
Construtor Santo, guerreiro arretado;
Explorado…
Criador do legado e grileiro safado.
Originários branqueados, Indígenas injustiçados
Negros, acorrentados
Negros originários.
Originalidade da fome, da raça cultural intelectualizada, marginalizada.
Passadista. Rompida.
Ave Abaporu!