Gigante Adormecido

Onde o honesto é cada vez mais raro,

a conivência reina e de tudo acha graça

Barganha-se até o mais caro

Dignidade, subtraída plena praça.

Ideal perdido, ignorância cega

Fanatismo útil com suas certezas falsas.

Pobreza material e miséria de espírito,

Ecoam em amplos sentidos pela vastidão das nossas terras.

Para a pátria amada, apenas desdém e falta de lisura,

Enquanto os seus filhos fogem à luta,

sob toda a sorte de pancada.

Tudo lhes é tirado sem receio de censura,

Voz de protesto na subserviência sepultada.

Ah, Brasil, tão rico e miserável, desde o seu berço esplêndido,

Do lábaro estrelado à lama mais escura,

Sem inocentes debaixo do céu furtivo, tempos distintos, sempre mais do mesmo.

Bravo povo entorpecido, educado a disfarçar apatia com sorrisos.

Promessas descumpridas, heróis vendidos, mentiras consentidas,

clamor contido, desgovernos.

E tanto faz se é direita ou esquerda, a corrupção no paraíso é versátil ambidestra.

Qualquer um dos nossos eleitos, pelo preço certo há de abrir as pernas.

Problemática e pacífica aldeia continental, ainda praticando o escambo com espelhos desde a costa até o planalto central.

Sociedade doente, desigualdade em plural.

O futuro é incerto, o presente é batalha.

Mas ainda não terminamos.

Então, acorde gentil gigante, assuma a sua alma.

AlineLima
Enviado por AlineLima em 22/03/2024
Código do texto: T8025717
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