A Internacional - Uma Profunda Poesia, Ou Apenas Um "Hino Comunista"?
Certamente muita gente ainda não sabe que esta que hoje é considerada uma das músicas mais conhecidas em todo o planeta e que até hoje continua sendo tema de abertura de muitos encontros e manifestações de esquerda foi criada há mais de 150
anos, e que surgiu de um poema escrito em junho de 1871, por Eugéne Pottier, membro da Comuna de Paris, que escreveu o poema L'Internationale logo após a derrota da insurreição operária na capital francesa, que terminou com um saldo de cerca de 30 mil mortos, sendo que ele acabou se tornando o hino da Associação Internacional dos Trabalhadores, ou seja; a Primeira Internacional, que era a união de organizações e partidos de orientação anarquista, socialista e comunista, que havia sido criada em setembro de 1864, por Karl Marx, Friedrich Engels e Mikhail Bakunin, entre outros intelectuais marxistas, sendo que no entanto, o seu texto só foi publicado 16 anos mais tarde, numa coletânea de poesias de Pottier, sendo que em 1888, o músico e operário belga Pierre De Geyter, inspirado no hino da França; La Marseillaise, acabou criando a melodia que deu sonoridade à esta tão linda, reflexiva e profunda poesia, que infelizmente ficou taxada como sendo apenas um "Hino Comunista", ei-lo :
" A Internacional "
De pé, ó vítimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, ó produtores!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.
Messias, Deus, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós quem conquistemos
A Terra-Mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair deste antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.
Crime de rico a lei o cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.
Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua,
O povo só quer o que é seu!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.
Fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verá que as nossas balas
São para os nossos generais!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.
Somos o povo dos ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas, deixai o mundo!
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.