Por que sofremos, terra mátria!
Por que sofremos, terra mátria!
Talvez por não termos mais em nós o senso de te ouvir falar, mãe.
Sofremos
Sofremos hoje mais que ontem,
como fetos abandonados, nas mãos de teus iluminados filhos.
Ó terra mátria, que pó usaste para replicar teus filhos, duros no amar veloz no matar?
É esta a tua imagem e semelhança, terra mátria?
Ou o barro passou do ponto, virou cinzento na fornalha?
Por quê sofremos, terra mátria?!
Sofremos por sermos iguais a tu?
Sofremos por sermos desiguais a tu?
Sofremos por sermos piores que tu?
Ou sofremos, então por sermos nada a ver com tu?
Me respondes, terra mátria?
Se sim, não te oiço.
Se não, pior ainda!
Mas ao menos nos olhas com choros de nos parir? Oxalá!
Ou teu choro é de arrependida mãe carente? Diga lá!
Entre predicados resolutos,
sujeitos desfeitos pela ambição desmedida
teus filhos te buscam com linhas de oleodutos
pra mudar sofrimentos em medidas
e encontrar consolo em terras longínquas, em seios alheios de mães de outros.
Vai ser este sofrer a cópia da tua existência, terra mátria
ou esperamos teu ressurgir com chicote nas mãos endireitando nossa ação?
Responde, terra mátria!
Nos dá um ralhete, mãe!
Sem tua voz, nos matamos todos dias!
Se não é de fome, é de ignorância!
Se não é nome, é de arrogância!
Se não é de credo, é de militância!
Se não é de inveja, é de intolerância!
Se não é de mentiras, é de ganância!
Se não é de água e pão, é de injustiça!
Se não é de nós, é de outros!
Diz alguma coisa, terra mátria!
Se é o fim, que seja agora!
Liberdade assim, é sofredora!
Por quê sofremos, ó terra mátria?!
Escritos de Ongedelei Hekele