NA ROTA RÔTA DE ALGUMAS TOGAS - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros
NA ROTA RÔTA DE "ALGUMAS" TOGAS - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros (o acento na palavra rôta é proposital)
Na a penumbra draculínica da toga,
teu retórico vernáculo latino
embevece os eleitores... sem destino.
e assemelha-se a discursos sobre Ioga.
A palavra cuidadosa se equilibra
e a saliva, a cada página virada,
contamina a lei, há muito consagrada,
e a plateia... dos sem lei se ufana... e vibra.
Toda a claque já planeja desvarios
e aplaude... e se extasia... até gargalha!
... tua voz desliza... leve.. qual navalha
modelando os mosaicos mais... sombrios.
Como quem corta uma faixa e inaugura
a figura de uma nova impunidade,
ante os olhos da pobre comunidade,
tu sorris... meu Deus do céu!... quanta ternura!
Para os ricos, afinal, quantas instâncias?
... suas penas serão sempre em liberdade?
... até quando vai durar a impunidade?
... até quando valerão as arrogâncias?
Qualquer dia vamos ver tornozelheira
cravejada de brilhante ou de esmeralda,
Já que as grifes do poder, na esplanada,
não debatem falcatrua e roubalheira
Para os roubos que alguém tem que defender,
o político contrata um magistrado...
... com que grana pagará o advogado,
o coitado que furtou para comer?
E os crimes mais comuns?... vão aumentar!
... está aberta a temporada de maldades:
vão chover as mais cruéis atrocidades,
e o povão nem sabe mais com quem contar.
Quem roubar, ferir, matar ou estuprar,
ou até quem cometer pedofilia,
vai valer-se desta mesma hipocrisia
que liberta o bom ladrão parlamentar.
Psicóticos serão mais agressivos,
e, em mulheres indefesas, baterão,
porque sabem que não há comparação,
entre eles e os corruptos citados.
Há juízes... e juízes... e eu lamento
que alguns deles se tornaram minoria
e quem faz do seu discurso, hipocrisia,
auxilia alguns ladrões... no parlamento.
É na arte de enganar o povo pobre
que o político maltrata quem mais sofre.
Por que não mostrar as senhas desse cofre
de mentiras... na TV, no horário nobre?
Já que todos são iguais perante a lei,
que farei?... pobre de mim... sou um poeta!
.. que escreve quando a dor o inquieta,
num Brasil, onde o poder tem mais de um rei.
Todos mandam e desmandam... pobres seres
que transformam a caneta em uma adaga
ou na bomba nuclear, que quem afaga,
busca a saga dos mais pútridos poderes.
A metade do país tem gente honesta
poderia sugerir, vossa excelência,
que o povo que não quer essa indecência
fosse preso no lugar de quem
não presta.
Só assim se viveria em segurança,
refazendo, do outro lado da prisão,
um país, onde a palavra "cidadão"
fosse o grito mais sincero da esperança.
...
Às 22h e 55min do Rio de Janeiro - Brasil - Registrados e Publicado no Recanto das Letras.