Desabafo democrático

Olha gente, eu sou de uma terra

Aonde não precisamos falar

Pois nos entendemos por gestos.

Olha moço, eu sou de uma terra

Aonde não observamos

Os limites do caminhar.

Olha que eu sou de uma terra

Onde o velho é o mesmo novo

D’aquele dia de ontem.

Olha amigo, eu sou de uma terra

Onde ser jovem é mania

Que me leva a envelhecer.

Olha meu caro, eu sou de uma terra

Que de tão longe fico triste

Por estar do lado de cá.

Olha gente, aí sim que de novo

Eu falo de um povo

Unido por um novo acordar.

Olha gente, eu sou de uma terra

Onde a saudade obriga a gente

A sonhar, a pensar.

Vicente Freire – 06/10/1982.