Mártir

Dentre todos os vazios, o da minha existência foi o que mais doeu

Hoje não terá mais prosas...

Pois estou exausto de tanta hipocrisia

Era pecado escrever suas crenças?

Hoje desconfio das bondades que brilham os holofotes

Pois nunca vi o mesmo brilho em becos escuros

Também temo os que se denominam "boa gente"

Pois os rumores o descreveram como "carrasco de inocente"

Esse texto é de papel amassado

Que passa na mão e é pisoteado

Feito panfleto de boca de urna

Que fez o sonho do pobre ser comer carne crua

Só me resta uma dose de meu vinho

Que foi requentado em meio à papelada

E manchou o recibo de mais uma residência comprada

E virou manchete de "jornal da esquerda"

Também conhecido como fake news pela ralé que ignora a sarjeta

Talvez exista liberdade de expressão

Mas apontar pro senhorio irrita seus escravos

Que ameaçam atirar com suas armas figurativas

Aquele que das sombras se cansou de olhar

Escutam grilhões através do baixo salário

Não existe escravidão com senhorios de chicote

Mas o mesmo corta a verba se achar necessário

Alvaro Kitro
Enviado por Alvaro Kitro em 08/10/2022
Reeditado em 11/10/2022
Código do texto: T7622858
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