Apagadores
Os donos da pátria continuam com suas mãos sujas, fazendo juras de que em 31 de março de 64, o país se purificou.
Ungidos por um clima de fria guerra, viz coronéis, de ato em ato, seguiram impingindo ao país o seu entendimento raso.
Não são professores, nem cientistas, nem muito menos educadores, mas seguem tentando apagar os fatos de nossa História!
Carcomidos chefes de maldita hierarquia em inseguros quartéis escrevem mentiras como ordem dia após dia.
Mortes e dores eles esquecem, malditos psicopatas, torturadores, lustradores de patentes, de profundo mau gosto.
O sangue da gente continua sendo sugado e amamenta os velhos chefes cujos quepes estão aposentados.
Em síntese o constrangimento se fez nação, constatação.
Quando escrevia estas linhas a tristeza e meu corpo sofriam.
A banda tocou um discreto dobrado.
A baliza perdeu o compasso e caiu no tablado.
Nos cemitérios, os sinos não tocaram.
No dia 31, não houve comemoração!
Na verdade, a nacionalidade recorda que foi aviltada.
Ditadura, nem ontem nem hoje, delete essa palavra.