PÁTRIA AMADA BRASIL! (20,21,22).

Meu país! Ah! Meu país!

“Florão da América.” “Gigante pela própria natureza.”

Com belas praias, o Atlântico banhando tuas cidades costeiras.

Rico celeiro de frutos e grãos. “Farturas, tens em grandes porções”

Tantos minérios: o ouro, a prata, o cobre, o ferro, grandes riquezas.

Cobiçadas e conduzidas para outras nações estrangeiras,

Que levam teu patrimônio pela fragilidade de tuas fronteiras.

Tuas águas emendadas, tuas bacias hidrográficas, tuas belas cachoeiras.

Entre outros, o Parnaíba e o São Francisco banhando o Nordeste,

Entre outros, o Tocantins e o Amazonas banhando a região Norte.

Entre outros, O tietê, o Doce e o Paranaíba banhando o Sudeste.

Entre outros, o Paraná e o Uruguai banhando a parte sul e centro-oeste.

Pena que grande parte dos teus sobreviventes, sobejos da morte,

Onde a miséria se alastra, igualmente epidemia bem forte,

Que se espalha pelas favelas das pequenas e grandes cidades,

Nos grandes monopólios latifundiários, onde as desigualdades

Imperam e as injustiças dominam, como fortes tempestades.

Meu país! Ah! Meu país,

“Risonho e lindo campo de flores.”

“Teus bosques têm mais vidas e até mais amores.”

Meu país! Gigantesco e saboroso pão mal dividido.

Poucos com grandes fatias e muitos com míseras migalhas.

Por isso, não me conformo. Fico pensando, pensando.

Às vezes, sinto indignação, angústia, ódio, amor, aflição.

Às vezes, curvo-me, cabisbaixo, mãos no queixo, pensativo,

Questiono-me sem razão, sobre muitas coisas impossíveis.

Sinto-me culpado, sem culpa. Sinto me prolixo, insano.

Por que me preocupo tanto e meu cérebro vive reflexivo?

Às vezes, arrependo-me sem motivos reais e me pergunto:

Arrependo-me? Por quê? Será que sou culpado, meu Deus?

De meu país está assim, uma nave voando desgovernada?

Qualquer brisa, qualquer vento, qualquer nuvem ou trovoada,

Afastam-no mais distante da rota certa, justa e planejada.

Seu dia os raios solares ofuscam-se na penumbra do egoísmo.

À noite, as luas, as estrelas e os astros cobrem-se pelas incertezas.

Assim, o tempo não gira, seus astros não esfriam nem aquecem

E ficam delirando mediocremente. Nunca resplandecem

E a tristeza se espalha na escuridão de todos os lugares.

E o seu futuro se perde na escuridão do tempo invisível.

As mentiras viram verdades nas mentes das pessoas.

Mentes más envolvendo e enganando as mentes boas,

Ao ponto de corrompê-las, porque muitas vivem flutuando atoa.

Mentes apodrecidas, não conseguem refletir as mentiras e os danos,

Espalhados pelos canais espúrios e invisíveis dos cérebros profanos.

Que penetram suavemente nos encéfalos doentes dos fracos insanos.

Meu país está assim,

Economicamente desgovernado, sem destino,

Financeiramente descontrolado, em desatino.

A gigantesca inflação, limita as pessoas e alimenta a miséria.

E esta realidade esmagadora, amarga, dura e séria,

Deixa o povo pobre faminto e desvairado, desesperadamente.

A miséria é uma guerra fria, que se alastra rapidamente,

Como a fúnebre pandemia, que mata muitos doentes

Esquecidos à revelia no leito da morte, berço dos carentes

Do poder aquisitivo, devido ao descontrole da economia.

Dilacerada, diluída e fraca, as mesas carentes, esvazia.

Meu país está assim,

O real, moeda fraca, quase sem valor,

Está morrendo rapidamente o seu poder de compra,

Diante a força do seu maior destruidor que afronta.

Assim, o valor consumido jamais será recuperado,

E o poder aquisitivo dos assalariados, destruído, desvalorizado.

Meu país está assim,

Um mundo gigante de luzes apagadas,

E o seu povo mergulhado na escuridão do dia invisível,

Sem raios solares, lunares, estrelares, astros sem alegria.

Um barco no leito de tudo, flutua em tempestades frias,

Sem comando, sem leme, sem rumo certo e sem guia.

Aonde este transporte lotado de gente irá então chegar?

Um transporte que não reconhece sequer sua verdadeira via.

Trem fora da linha, não segue em frente, suas rodas não giram,

Seu motor tem paralisia, seus transeuntes indefesos,

Sucumbem-se asfixiados no desespero da vida,

Sufocados no mar da inflação, sem poder respirar,

Morrem os míseros ocupantes, os carentes passageiros,

Mergulhados no oceano de lama podre da ignorância

Que inunda os conveses e os estaleiros da ganância.

A lama podre invade a mente do egoísmo, da esperteza.

A lama do esgoto podre inflacionário que inunda meu país,

Apodrece e contamina a vida da pobreza.

Contamina as casas, as lojas, as vilas, as cidades,

As roças, os campos. Ai como dói ver tanta incerteza.

Muitas panelas não possuem o fogo do gás, da lenha, do carvão,

Porque não cozinham mais os alimentos: a carne, o arroz, o feijão.

Infelizmente, eles fugiram covardemente para outros mundos.

Os mundos das riquezas, das grandes economias e importações.

Os veículos morrem afogados no tenebroso rio da inflação.

Enterrados nos fósseis da morte, não podem mais andar,

Porque os combustíveis também sucumbiram-se soterrados

No fóssil fúnebre famigerado do porão inflacionário,

Que golpeia fatalmente os míseros sobreviventes.

A drástica tempestade inflacionária, com resquício de crueldade,

Empurra os mais carentes para as profundezas do mar miséria.

Ah! Meu país! Ah! Meu país!

Este meu país enorme, sonhador incansável,

Gigante adormecido deitado em berço esplêndido,

Que morre oprimido entre pedradas de mãos hostis.

Intoleráveis mentiras enganam, mentes tiranas e hostis

Tramam fechar as portas de entrada. Se ainda existem portas.

E os comandantes abrem os largos portões de fuga e saída,

Por onde sugam tuas riquezas, tuas farturas produzidas.

Tramam contra ti, atos bombásticos, metralhadoras, fuzis.

Vendem tuas terras, tua carne, teus minérios, teus animais, teus rios,

Tuas ricas instituições, empresas. Finalmente, vendem meu país,

A alma verdejante das tuas florestas, as árvores que ainda restam.

Até o alimento sagrado dos teus filhos. Os grãos de soja, feijão, milho.

Meu Deus! Meu Deus! Socorre esta gente!

Retira este meu país do meio deste intenso e podre lamaçal.

Que afoga seus filhos carentes no leito podre do nada, de cheiro mal.

Quantas promessas! Quantas soluções! Morreram sufocadas nos recipientes,

Profundos porões, falsos obscuros da politicalha carniceira e assassina.

Quanta maldade! Quantas inverdades! Quantas lições a vida nos ensina!

Quantas soluções! Soluções são matérias químicas.

Quantas promessas! Promessas são atos para Santos.

Isto me provoca inquietudes, remorsos, espantos.

Isto me torna um, insano, débil, maluco, insensato,

Caminhando incerto pelos quatro cantos escondidos,

Da minha casa escondida nos becos da favela perdida.

Na periferia da cidade maravilhosa. Pois me falta o manto.

O manto sagrado da verdade, da justiça e da lealdade.

Procuro-o, cuidadosamente, minuciosamente por todas as partes.

Infelizmente, cruzam os caminhos secretos dos desencontros,

Das estradas esburacadas, tortas, incertas do meu país.

Meu país! Este meu país é um rico Brasil enorme, nobre,

Entre outros míseros Brasis, pequenos e pobres,

Mergulhados nos gritos chorosos de povos sem-terra.

Sem moradia, sem força e sem brio os favelados vivem

Tiroteios e balas perdidas nos becos fúnebres da morte,

Becos sem vida, sem paz, sem comida, sem sorte.

Não, eu não consigo enxergar mais seres vivos,

Vejo todos eles inertes, defuntos, nas caixas cinzentas

Dos seus abrigos apertados, num país tão grande,

Onde cabem todos nas vacâncias abertas dos seus vales,

Dos seus campos. E porque não dizer: das suas ricas terras.

Não, Não. Lá tem dono, não pertence a todos. Não cabe ninguém.

Mais fácil um amontoado de cortiços nos morros da favela.

E quando desabam no despenhadeiro, descem na banguela.

E seus habitantes sucumbem-se soterrados nos entulhos de terra.

Não! Não! Eu não aguento ver tantas coisas mesquinhas.

Se Deus fez u mundo para todos, onde estão as partes do todo?

Eu gostaria que elas fossem visíveis, perceptíveis e entregues

Aos verdadeiros donos. Mas vejo tudo ao contrário,

Estou lúcido? Perdido no tempo? Não sei nada. Nem saberei.

Minha lucidez parece que se perdeu na estrada da vida.

E a vida se perdeu também na estrada da morte. Quanta sorte!

Justiça social. Quem é? Será que morreu? Quem a conhece?

Que país é este, meu Deus? Acho que ninguém merece!

Meu país! Ah! Este meu país!

Onde muita gente, em desespero, procura a luz do dia.

Meu país! Um berço esplêndido, um pão mal dividido.

Cadê minha fatia? Não sei onde puseram a minha fatia.

Meu copo de vinho. Minha fonte de água. Meu pão de cada dia,

Fonte vazia não move o moinho da vida. Nem produze energia.

A vida mesquinha que mantem minha esperança viva,

Lentamente anda comigo e ainda me move, me contagia.

Eu, humilde, pobre, pacato, forças fracas, inativas,

humilho-me aos detentores do erário, aos mandatários.

Porque eles controlam minha vida, os meus direitos,

Mas eles não me dão ouvido. Meus pedidos não são aceitos.

Para onde foram o PIS, o PASEP, o FGTS, os PRECATÓRIOS.

Somem meus direitos sagrados. Meus direitos compulsórios.

Se ainda tenho direitos. Acho que não. Eis o meu defeito.

Não sei bem o que é direito. Tolhidos, não são mais direitos.

Tiram-me o pão da minha boca. Minha pequena porção,

Minha minúscula fatia, mesmo salgada com o suor do meu rosto.

Meu país! Ah, meu país!

Teus lindos campos, para poucos, têm muitos frutos e flores.

Para muitos, tem muita tristeza, muita miséria, muitas dores.

Por isso, não me conformo. Eu sei que possui grandes riquezas,

Mas vejo o domínio da falta de partilha. O egoísmo, a esperteza,

Predominando no cérebro egocêntrico da insensatez.

São muitas razões para indagar ansioso mais uma vez:

Por que te afundam nas ondas ferozes das incertezas?

Teus comandantes estão dormindo profundamente.

Na profunda embriaguez, não percebem as tempestades.

Nem buscam caminhos para desviar o povo das turbulências.

Que pena! São todos os dias turbulentos, violentos assim,

E eles continuam dormindo profundamente!

Que nojo! Eu tenho nojo, nojo de tudo.

Por isso, eu vomito versos. Embora versos mudos.

Eles voam como os gametas das flores nos ares dispersos.

E eles também contaminam as ondas fortes e os ventos.

Mas são frágeis diante das tempestades. São apenas

Pobres versos, delírios mentais, marcas do desespero,

Medíocres versos, à revelia, podem morrer na trincheira,

Refletindo suas mágoas suas dores, até a hora derradeira.

Mesmo que os digam: verborrágicos, prolixos, asneiras.

Meus versos breves e inúteis podem morrer sob castigo.

Embora defuntos, mas ressurgirão vivos entre os perigos

Das incertezas, da insegurança, da tristeza e do desengano.

Meus pobres versos, desabafos idiotas, meus dotes insanos,

Meus gametas férteis. Meus sêmens vivos e fecundos.

Ufa! Ufa! Devaneios! Devaneios! Estou dormindo?

Acorda, poeta! Safa-te desse pesadelo profundo!

Acordei e falei: O POETA VIVE SONHANDO PROFUNDAMENTE.

DORMINDO ACORDADO, VIVE ESTE ETERNO PESADELO.

AFINAL, ESTE É MEU PAÍS, MEU BERÇO, MEU LAR.

POR ISSO, NUNCA DEIXAREI DE SONHAR.

E te convido. Vem sonhar comigo!

Antonio OnofreGF, em POEMAS AFLITOS,

Fevereiro/2022.

Antônio OnofreGF
Enviado por Antônio OnofreGF em 13/03/2022
Reeditado em 13/03/2022
Código do texto: T7471955
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