O PRIMEIRO DIA
“O Dia da Batalha” (*)
O Dia da Batalha – o Dia de São Mamede –
Foi o “Primeiro Dia” do Reino de Portugal,
O Dia dos Heróis e da Fé que sempre segue
Aquela viva alma, duma chama sem igual.
O Santo que deu a energia e o alimento,
Que deu a força e todas as notoriedades
Que fizeram do Rei Afonso o encantamento
Dos distintos Barões de raras qualidades.
As duas hostes naquele Campo contrapostas,
Sagazes cavaleiros de fortaleza à vela
Que, frente a frente, ensaiando suas respostas,
Ergueram uma Aurora de luz, qual sentinela:
De um lado estava a Mãe, vestida de vanglória
Arrastando, em torrentes de fiel partilha,
Um candidato a consorte p´ la sede de vitória
Que antevia com gana um Reino maravilha.
Do outro estava o Filho, armado dum Ideal
Ostentando co´ orgulho aquela Cruz azul
De largos braços, e um coração de cristal,
Num insondável Combate de norte a sul.
A Luta foi acesa, travada de sol-a-sol
Num horizonte verde em palco de Ataca,
Pintalgado de gotas rubras de arrebol,
P´ lo eco dum Alerta que vibra e se destaca…
Caiu, pra sempre, o maternal Destino exangue
Naquele Primeiro Dia de algo promissor,
E na violenta Força das armas e do sangue,
À luz brilhante duma Estrela com fulgor.
O Dia da Batalha – entre mortos e feridos –
São Mamede, pelos vistos, veio a abençoar
Na perene Coroa da aura dos Destemidos,
Tornando sólido mais um Trono a sustentar.
Se antes ali estava o corpo de um Condado,
Se antes pululava uma Corte viciosa…
Começa, desta feita, um outro novo Estado
Naquela madrugada ousada e gloriosa.
Foi o Primeiro Dia de Odisseia magistral,
Foi o Auspicioso Sortilégio e sementeira,
Da qual nasceu um País novo – Portugal –
Nos pergaminhos duma HISTÓRIA pioneira!
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA
(*) - No 893º aniversário da Batalha de
São Mamede - 24 de junho de 1128