Os pistoleiros
De volta à cena
do genocídio corriqueiro e festivo:
os pistoleiros se encontram
ao som ranheteiro da sanfona manauara.
O pistoleiro baixíssimo tenente
no comando.
O pistoleiro general pau mandado
nas hastes, nos píncaros,
nas buchas certeiras de canhão emplumado.
Os pistoleiros têm o olhar baço na lassidão calculada.
A baba canina escorre
ao longo mal desenhado de suas carrancas.
O pistoleiro chefe tem escamas na face
e escarra e ri nervoso, sempre vago.
O pistoleiro vassalo nem estrila, autômato,
gordo como uma bolacha inchada,
bolorenta sobra que é no desvão da despensa.
Nota-se, daqui do pátio externo da casa dos mortos,
que os pistoleiros tem sangue esturricado nas mãos
e no alforje verde oliva.
Não existirão o pôr do sol cinematográfico
e o happy end protocolares.
Arrebol de horrores.
Mas haverá alvorada.