Presidente

Ontem à noite eu sonhei

Que ouvia a voz do povo

Gritou a fome, chorou a seca

Com os braços cansados, o desconforto

As pessoas nas ruas carregavam bandeiras

e o som dos pombos

Eu vi o presidente dar as costas pro povo

E ser aplaudido de pé

Pela morte e o estorvo

Da pátria amada mal amada

Eu vi as ruas abandonadas

Pela doença dissipada

Eu vi a vida saindo dos corpos

Em sequência quadriplicada

Os pastores ignoravam, até perderem seus dízimos

Os fiéis alienados, ficaram com medo dos castigos

Eu vi o dia perder a luz

Para um eterno pôr do sol

Não havia fagulha de esperança

No peito do pescador jogando o anzol

Essa noite eu sonhei, que a população se cansou

E mesmo o mazelado sofrido se levantou

O presidente arrumado e bonito, sorriu para a multidão

E todos lhe correram em cima e arrancaram seus pedaços

Com as garras da exaustão.