BRASILEIRO

Nascer neste solo

E ser estrangeiro

E se ver como dono

Destas largas terras...

As quais são o meu país

Desde que me conheci

A princípio, ignorando

Realidades daqui...

Que estão a cantar,

Que estão a contar,

Que estão a escrever,

Que estão a viver....

Canções,

Histórias,

Em idiomas

Os quais não sei...

Eu sou Branco,

Eu sou Negro,

Eu sou Asiático

Desde que me lembro...

E neste Estado

Eu não consigo

Me identificar

Como ser nativo...

Quem sou eu? Quem sou?

Uma simples pessoa

Falando português

Em Pindorama...

Mas a Pindorama

Está longe, logo ali...

E não falo Tupi, Jê,

Nem outras guaranis.

Quem eu sou? Quem sou?

Amo o meu país,

Mas sei tão pouco

Do que não seja

De mim, de meus pais,

Meus avôs, ancestrais...

(O que eu sei dos índios?)

Eu sou tudo o que há disso.

Não dentro da memória

Deste solo tão milenar;

Mas tudo dela fora,

De auferidas alhures terras.

Eu sou o que somos

(Ao menos, à grande parcela):

Sou Brasileiro,

E vamos nos em boa hora!

Leandro Monteiro
Enviado por Leandro Monteiro em 10/11/2020
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