LUANDA

O pregão da carne

Encostada na voz viva

Da cidade que dorme acordada

Lua de ouro mirada na banga do xaxo do mar

Tem beijo de espuma que veste kimone de areia de bungo

Neste vai e vem de terras abertas Só Kalunga conhece os ventos do teu corpo

Esse sono de pedra feito sobre água

Que chora risos de noites mal contadas

De kalundos sem pronomes

De homens que têm o quê são

Ora estórias, ora história

De estórias que são histórias

Cromadas no chão do teu céu

PAULO DIAS DE NOVAIS PASSOU POR AQUI

As rádios agrafaram as grifes

Os telegramas manipularam as calemas

Os galos pararam os semáforos

Os desaforos avançaram aos soluços

Os papéis escolheram os relógios

Os jornais disseram que eram

Os zumbis ameaçaram os pães

Os feridos curaram os bons

As fomes comeram os parafusos

Os monandengues viraram os guindastes

Os kimbos olharam os mussekes Loanda chegou a Luanda No fim,

O teu princípio não é o teu começo

Porque o teu sol tem sal desde que és

No final, és peixe que cheira calo

Ludy Kisasunda
Enviado por Ludy Kisasunda em 22/09/2020
Código do texto: T7069740
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