LUANDA
O pregão da carne
Encostada na voz viva
Da cidade que dorme acordada
Lua de ouro mirada na banga do xaxo do mar
Tem beijo de espuma que veste kimone de areia de bungo
Neste vai e vem de terras abertas Só Kalunga conhece os ventos do teu corpo
Esse sono de pedra feito sobre água
Que chora risos de noites mal contadas
De kalundos sem pronomes
De homens que têm o quê são
Ora estórias, ora história
De estórias que são histórias
Cromadas no chão do teu céu
PAULO DIAS DE NOVAIS PASSOU POR AQUI
As rádios agrafaram as grifes
Os telegramas manipularam as calemas
Os galos pararam os semáforos
Os desaforos avançaram aos soluços
Os papéis escolheram os relógios
Os jornais disseram que eram
Os zumbis ameaçaram os pães
Os feridos curaram os bons
As fomes comeram os parafusos
Os monandengues viraram os guindastes
Os kimbos olharam os mussekes Loanda chegou a Luanda No fim,
O teu princípio não é o teu começo
Porque o teu sol tem sal desde que és
No final, és peixe que cheira calo