Pátria
Pátria,
Minha sina,
Gostaria que fosse alegria para meu povo,
Mas, a história ensina,
Que é um eterno começar de novo.
Não há descanso no deserto,
Além dos oásis distantes-quase inalcançáveis-.
Somos açoitados pelo calor das intransigências,
Esmagados pela indiferença,
A Pátria amada deixou de nos amar,
Romperam-se os laços de ternura.
Impõem-se ao povo uma vida por demais dura,
Não há convicções que cheguem a nós,
Exceto a certeza de um futuro incerto,
Que a cada dia chega mais perto,
De nos alcançar.
Antes distante com o por do sol,
Agora na varanda entrando pelo portão,
Antes entre as estrelas no infinito azul,
Agora logo ali, na rua do tio Vardão.
Antes era o logo ali dos mineirinhos,
Agora o ali ao alcance das mãos.
E o futuro torna-se presente,
A incerteza toma conta da gente,
No vale da agonia mergulham pais e filhos,
Segue sem rumo uma multidão,
Tendo em punho carta de demissão,
Ações assinadas por juízes,
Lançando ao sereno da noite tantos sonhos,
E dando adeus aos dias felizes,
Com tralhas sobre os caminhões.
E ainda crianças chorando a falta de pão,
Pés descalços, e o futuro fugindo de suas mãos,
Sob o holofote da rejeição.