Pátria

Pátria,

Minha sina,

Gostaria que fosse alegria para meu povo,

Mas, a história ensina,

Que é um eterno começar de novo.

Não há descanso no deserto,

Além dos oásis distantes-quase inalcançáveis-.

Somos açoitados pelo calor das intransigências,

Esmagados pela indiferença,

A Pátria amada deixou de nos amar,

Romperam-se os laços de ternura.

Impõem-se ao povo uma vida por demais dura,

Não há convicções que cheguem a nós,

Exceto a certeza de um futuro incerto,

Que a cada dia chega mais perto,

De nos alcançar.

Antes distante com o por do sol,

Agora na varanda entrando pelo portão,

Antes entre as estrelas no infinito azul,

Agora logo ali, na rua do tio Vardão.

Antes era o logo ali dos mineirinhos,

Agora o ali ao alcance das mãos.

E o futuro torna-se presente,

A incerteza toma conta da gente,

No vale da agonia mergulham pais e filhos,

Segue sem rumo uma multidão,

Tendo em punho carta de demissão,

Ações assinadas por juízes,

Lançando ao sereno da noite tantos sonhos,

E dando adeus aos dias felizes,

Com tralhas sobre os caminhões.

E ainda crianças chorando a falta de pão,

Pés descalços, e o futuro fugindo de suas mãos,

Sob o holofote da rejeição.

Sérgio Ricardo de Carvalho
Enviado por Sérgio Ricardo de Carvalho em 09/09/2020
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