Pátria
Pátria (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)
A Pátria é do Joaquim
Trabalhando o dia todo, sem fim.
É também do João
Que labuta às terras do Tião
Tirando do leite da vaquinha Mimosa,
Que comprou com muito sacrifício da Rosa.
É também do Ronaldo
Dirigindo o caminhão do Naldo,
Passando as noites da boleia,
Com saudades da esposa Leia.
É do fardado policial Isau
Correndo atrás do homem mau.
É do vigia
Trocando a noite pelo dia.
Pode ser do Fulano de Tal
Tratando os doentes no hospital.
É da Ilda, a Professora,
Intercalando a sala de aula e uma vassoura,
Na recente casa, com uma faixa,
Financiada pela Caixa.
O Sebastião faz parte da sociedade,
Varrendo as ruas da cidade.
Tanto ele quanto o Julião
Transformando o trigo em pão.
Rebocando as paredes e tocando pandeiro,
O Pedro é o pedreiro.
Afina o violino no mesmo tom,
Nas reuniões secretas, o maçom
Prestando homenagem à amada Pátria,
Uma ideia ele cria.
É do Manoel na profissão hábil,
Passando o dia no escritório contábil.
É mais um dia trabalhado,
Do Hélio, do supermercado.
Faz um percurso bem animado e cantando,
Com a pastinha na mão, ele vai ao banco.
A Pátria é o verde da floresta,
Na manhã quente, em dia de festa.
O rio, no oceano deságua,
Levando do brasileiro, a mágoa...
A Pátria é tudo isto na gaveta,
Nas mãos do pobre poeta,
Tecendo versos e linhas,
Olhando as lindas baratinhas,
Que percorrem pequenas fendas
Para vender o livro nas vendas.