Cidade sem rosto

Vês?

Não plentearam a tua última quimera!

Só você lamentou o lamentável,

Riram-se das tuas ruas párias,

Não são priscas as colunatas tuas.

Os iconoclastas erguem contra ti a hasta,

Fazendo verter as tuas veias e artérias,

E sobre o teu rosto escarram.

Fecha a boca - fecho não!

Farei vogar o direito meu.

Sorumbática existo entre outras,

Nos muitos dias do burguês - funesto.

Quando em mim eles entraram,

Meus irmãos vivem passentos.

Gemo e grito a era triste em que vivo,

A esperar a feracidade retornar a mim.

Durmo - dia novo - a mesma coisa - o enxovalho.

Estou aqui! Sem rosto, sem nada.

Só farra!

Só falha!

Charles Costa
Enviado por Charles Costa em 25/05/2020
Código do texto: T6957696
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