O descobrimento do Brasil
Dormente onda na praia
Vem arrebentar na vaga
Vinda de além mar
Vem com as forças das caravelas
Pintar a água salgada com suas velas
O oceano a cruzar.
Vem de muito distante
De onde o sol se esconde
Com o vento a soprar
Igual fogo em suas veias
Vem na terra alheia aportar
Trás consigo o progressos das eras
A fome, a escravidão
A doença e as guerras
Construindo nesse quinhão
Uma colônia perdida
Como tantas vidas
No verde que é como o mar.
E na maneira selvagem
Descobrir entre os indios
A forma mais livre de amar.
Mas a cruz a todos se impõe
E a visão de mundo perfeita
Torna-se severa e imperfeita
Na presença dos homens de Deus a pregar.
Deus que embora misericordioso
Permite com gozo
O escravo negro, o indio animal
Tratando um com crueldade
O outro como incapaz de cometer nem bem nem mal
A ambos vendo como inferiores
A seus tão distintos senhores
Que mal seguiam as leis que queriam botar.
Assim nasceu o mundo de além mar
Terra de escravos, selvagens, exilados
Pais do desertados
Do reino de Portugal.