O TROPEIRO

(Ao meu nobre amigo e colega Cel. Celso Soares,

assassinado covardemente por um canalha qualquer...)

Vem clareando a fria madrugada

Rubro color matiza o horizonte

Estrépito galope se ouve pela estrada

e um vulto aparece perdido na coxilha...

É a sombra fugaz de um “guasca” altaneiro

que busca solicito o calor da “Querência”

e ao som compassado das patas do “bagual”

medita, saudoso dos tempos antigos!

Os olhos fitando a imensidão distante...

A mente perdida em segredos futuros

e alma varonil atrelada a lembrança

com o porte marcial sobre o dorso do “pingo”

Parece a quem o vê um vulto do passado,

Herói companheiro de mil “entreveros”

– Sinuelo perdido no estouro da boiada!

atento e arisco aos toques da alvorada

Quem pudera sondar essa esfinge sulina?

E saber os mistérios que nela se abrigam...

Quem ousara julgar que esse vulto apagado

é um facho de luz alumiando a nação...!

(Rio Grande-RS, 1953)

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 07/04/2020
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