O TROPEIRO
(Ao meu nobre amigo e colega Cel. Celso Soares,
assassinado covardemente por um canalha qualquer...)
Vem clareando a fria madrugada
Rubro color matiza o horizonte
Estrépito galope se ouve pela estrada
e um vulto aparece perdido na coxilha...
É a sombra fugaz de um “guasca” altaneiro
que busca solicito o calor da “Querência”
e ao som compassado das patas do “bagual”
medita, saudoso dos tempos antigos!
Os olhos fitando a imensidão distante...
A mente perdida em segredos futuros
e alma varonil atrelada a lembrança
com o porte marcial sobre o dorso do “pingo”
Parece a quem o vê um vulto do passado,
Herói companheiro de mil “entreveros”
– Sinuelo perdido no estouro da boiada!
atento e arisco aos toques da alvorada
Quem pudera sondar essa esfinge sulina?
E saber os mistérios que nela se abrigam...
Quem ousara julgar que esse vulto apagado
é um facho de luz alumiando a nação...!
(Rio Grande-RS, 1953)