Nossa Origem
Sou tua português!
Caraíba como estás a feder.
Mas teu sêmen tem a tez,
Desta terra que agora irá nascer.
Mas não consomes minh'alma milenar.
Porque como a onça e o tamanduá,
Sou livre e minha nudez é fértil como o mar.
Nas matas de pau brasil,
O pintassilvo e o curió, com maestria,
Cantaram nesta terra varonil,
Que um novo mundo nasceria.
A cruz que vem na tua mente,
Em mim despejará,
Uma forte semente,
Que a minha cultura acabará.
Escuto o urro do jaguar.
Alerta que sou filha de Tupã e de Jaci,
E que sempre me defenderá.
De mim sairá a energia seminal,
Que criará esta terra inteira,
Única, primeira e sem igual,
Porque sou Tupi, virgem e guerreira,
Sou a Eva, que nunca foi expulsa do paraíso,
Em mim não existe o pecado original,
De minha nudez não faça mal juízo,
Porque é verdadeira e nela não há mal.
Sou mandioca, não sou iguaria,
Sou milho, tenho muita coragem,
Pajé assim sentencia:
- Português, nada nesta terra sairá a tua imagem.
Deixaste esposa na tua origem,
Nas aldeias tupis farás concubinato,
Te alegras porque em tudo sou virgem,
E em mim crescerá a semente de Viriato.
Nascerá com todas as cores deste mundo,
Falará todas as línguas emendadas com um cipó,
Milhões emergirão de um sonho profundo,
Todos falando um idioma só.
O português unirá tantas diferenças.
Encurtará distâncias, absorverá culturas,
Permitirá a convivência de todas as crenças,
Deus aqui não habitará mais nas alturas.
Mas esta criação, aconteceu somente,
Porque na terra de Tupã e de Jaci,
Foi permitida que esta semente,
Brotasse no meu ventre tupi.