O SONHO DE BREOGÁN
“O Canto da Galiza”
Dos meus braços de Hércules renasceu a força
Gerada na vitória sobre Xerión gigante
Que desta minha Terra reprimira o povo…
Eu, Breogán, não condescendo que algo me torça
Nesta errância do meu destino triunfante
Que vem do Sonho e qu' à minh´ Alma dá mais fogo.
Do alto desta Torre, que eu próprio construí
Ao calor da mágica eloquência de Merlim,
Observo a silhueta da soberba Hibérnia…
Naqueles verdes prados que sei haver ali
Espero que meus filhos ergam o seu jardim
E seus bravos cavaleiros honrem esta Ibéria.
Sobre a cabeça de Xerión fiz minha cidade
De Crunia. E dela Ith e Bile se partiram
Com os filhos de Mil na barca da aliança…
As mãos de Breogán vingaram o amado Ith
Partilhadas co´ Amergin, logo conquistaram
A estrela imperial transformada em Esperança.
Foi Crunia Brigantium que me tornou herói,
De um lado o Mar sem fim, do outro, o rudo Norte;
Saído desta Torre, um manancial de Luz
Criou à minha volta uma aura que constrói
Dia a dia, ano a ano, um novo Reino e Sorte
Neste Graal de crença de que Santiago é Cruz.
És tu, Galiza, meu povo, minha Nação,
Aquela terra na qual pus a minha espada
E onde semeei, na hora certa, a minha Grei…
Parai, ó rios, exultai. Cantai canções
Fiéis Bardos, co´ a Lira órfica e sagrada,
E esperai pelo Dia da nossa justa Lei.
A pedra que na minha espora ainda tenho
Foi o desperdiçar da honra em São Mamede,
Às portas auspiciosas da ínclita Vimarane…
Daí o ousado Trava perder o desempenho
Quando da infeliz Teresa a sorte se despede,
Até que outra Aurora aos Lusos nos irmane.
Ficou porém, ó Galiza, a doce nostalgia
Que nas estrofes de Camões se instalou
Onde vive em cada verso a casta linguagem…
E, na onda da brisa, eu sonho com Rosalía
O encanto da saudade que ela semeou
Na liberdade expressa d´ inspirada Viagem.
Todos somos Galiza e somos Breogán,
Todos somos humanos e somos sonhadores,
Todos somos heróis de almas transparentes,
E que ninguém renegue esta celebração.
Dos caminhos da Glória brotarão as Flores
Das Vitórias distintas e resplandecentes!
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA