PAPIROS VAGABUNDOS
Os expedicionários da FEB tombaram na Itália
Naqueles anos... aqueles, sim, de chumbo -
Mas taças de chumbo aprimoram o vinho,
Assim como , nos jardins, as florações de dálias.
Imaginem harpas, flautas, cellos e um bumbo-
O sossego da tarde perturbado pelo vizinho.
A vida é um calhamaço de contrariedades,
Mas não fosse isso,como suportaríamos a rotina ?
Imaginem uma avenida longa que não faz esquina
Ou que fossem iguais todas nossas idades...
De que adiantou o trabalho e o tronco de negros,
Todas privações e maus tratos na senzala ?
Foram tão úteis quanto namoros e chamegos
ou voos internacionais com ou sem escalas.
Os expedicionários da FEB retornaram da Europa
Para ver aqui o Brasil perder uma copa.
Prosseguiram suas vidas como civis,
Esquecidos, largados de lado como estorvos -
Isso porque no comando sempre um corvo
Viu-se no direito de corte, apesar de criar covis.
Nossa História sempre escrita no mais vagabundo dos papiros
Não tem a consistência das que foram escritas em pergaminho:
Nossa História, nossa História é uma somatória de suspiros
Arrefecedores de desejos, como saudade do que se deixa no caminho.