Brasileirinho
Cala-te pois.
Não sabes donde vim.
Meu calçado não calçaste, tu acaso arfas-te com a dor que meu peito sentiu?
Cala-te pois.
Desta vida de agruras nada sabes.
Acaso foram teus os pés descalços que a quentura e o cangaço calejou e partiu?
Cala-te pois.
Tu nasceste sem sorte?
Prometido tão logo pela fome a morte?
Com o medo por teu padrinho?
Portanto, cala-te.
Das vicissitudes desta vida pouco ou nada sabes.
E este teu discurso equivocado é uma das atrocidades que viram meus olhos desde menino.