Brasileirinho

Cala-te pois.

Não sabes donde vim.

Meu calçado não calçaste, tu acaso arfas-te com a dor que meu peito sentiu?

Cala-te pois.

Desta vida de agruras nada sabes.

Acaso foram teus os pés descalços que a quentura e o cangaço calejou e partiu?

Cala-te pois.

Tu nasceste sem sorte?

Prometido tão logo pela fome a morte?

Com o medo por teu padrinho?

Portanto, cala-te.

Das vicissitudes desta vida pouco ou nada sabes.

E este teu discurso equivocado é uma das atrocidades que viram meus olhos desde menino.

Nicole Lopes
Enviado por Nicole Lopes em 23/03/2019
Reeditado em 23/03/2019
Código do texto: T6605400
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