O Debate na Mata.

O debate na mata

Uma espécie

de embate civilizado

Parece conversa

Que versa

Sobre a maneira ingrata

Insensata

E menos estranha

Com que tanto bate

Quem apanha

Termina sempre em empate

O Sapo coacha e me diz

Que burrice não mata

O porco guincha o que acha

Ruge o leão, estridente

O cavalo pensante relincha

A coruja ulula mais que o vento

O Veado enfurecido,

Vocifera, exigindo

O direito de ser comido

O macaco eloquente

Abarrotado de exigência

Pula mais alto que a árvore

Quer falar mais bonito que Deus

Fez-se gente

Inteligente e tão triste

Veio até me dizer

Que Deus não existe

A mim

Resta saber

Dentro e fora da roda

Quem pensar diferente

Não presta

Mas eu posso aplaudir

Enquanto a Floresta incendeia

Sem consenso ou pensamento

Inteligível,

Nem tampouco inteligente

Todo mundo vence

Ou se convence que sim

A mim

Me cabe olhar de longe

A formiga que trabalha indiferente

E o Tigre calado

Fingindo de amigo

Pois seu simples olhar,

Me diz tudo

Com o tempo aprendi

Que quando um olhar não diz nada

Toda conversa é perdida

Melhor é fazer-me de mudo.

Edson Ricardo Paiva.