Clamor
A fila já vira a esquina
Já, já circula o quarteirão
Muitos desde bem antes da matina
Com seus documentos na mão
Enquanto os que estão lá em cima
Esbravejam, "crise não vejo não".
Mas crise? Como assim?
Desconversam nossos representantes
Até que o mandato chegue ao fim
E quando chega, o povo vê
Vê... vê sim
Mas por um breve curto espaço de tempo
Aqueles que NÓS colocamos no poder
Sobe ao palanque e a multidão vem dizer
Que vai lutar por mim e por você
E o povo ingênuo, de novo iludido
Por um impolítico, um bandido
E como a água que sobe ao céu
Caí como chuva, suave véu
Depois adentra o seio da terra
E jorra da nascente poluída
Seu ciclo eterno, nada o emperra
Será assim, a nossa vida
Até que ao menos, nos declaremos
As margens de um Ipiranga qualquer
Que aqui viemos, homem e mulher
O que desta vez é fato
"Não é mais apenas por quarenta centavos"