Árvore Sangrenta - primeira alegoria

Surge do mar homens de prata

Montados em dragões sem asa

Entre espelhos, penas, chocalhos e atabaques

A árvore sangrenta em frangalhos após ataques

Soldados numa batalha espiritual

Nos bastidores, a luxúria material

Chicotadas, estupros, majestade zulu e grilhões

A pedra de Sol e o doce bambu trazem milhões

Verde, amarelo, branco, azul

Cronos caminha de norte a sul

As luzes expulsam os antigos soldados

Como um falso anticristo a monarcas assustados

Bancos, museus, universidades, no ar uma eloquência

Guerras, províncias, liberdades, gritos de independência

É coisa do povo, o polo positivo

Profana trindade, o polo negativo

Sob olhares vigilantes de senhores feudais

Vassalos errantes põem seus senhores em pedestais

Verde, amarelo, branco, azul

Cronos caminha de norte a sul

Sons ardentes, cordilheiras de aço, máquinas, vapor

Luzes, suor, engrenagens, cifra, calor

Ouro negro, carroças sem animais, reis vestidos de pobres

Curvas, ângulos, construções celestiais, palácios tão nobres

Vespas setentrionais temem a batida do martelo e o corte da foice

Chegam servos de Ares, anunciam um coice

Na saída de cada boca, uma acre mordaça

Atena, que parecia moca, traz a ira da desgraça

Verde, amarelo, branco, azul

Cronos caminha de norte a sul

Nos templos da cobiça, valores sobem, valores descem

Matronas com olhos de Panopticon, alimentos desaparecem

Faces banhadas em tinta, a fênix renasce

Cai uma besta sucinta, mas não cai seu enlace

Trabalhadores escravos da falta de trabalho

Embaixo das asas do tucano, amos dão as cartas do baralho

Blasfêmia da tirana liberdade, Deus seja louvado

Todavia em verdade, a efígie é o ídolo adorado

Verde, amarelo, branco, azul

Cronos caminha de norte a sul

Uma estrela vermelha irradia esperança

Como o gatuno ilude a pobre criança

Eis que vem um cordeiro falando como dragão

Em migalhas e não por inteiro, reparte o pão

Da ilusão da criança nasce uma rainha

Vacas gordas, vacas magras, erva daninha

No ciclo de uma era, a fênix está de volta

Chega a primavera, árvore sangrenta e suas folhas da revolta

Verde, amarelo, branco, azul

Cronos caminha de norte a sul

Vinícius Costa
Enviado por Vinícius Costa em 22/05/2018
Código do texto: T6343815
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