Rio-Mar
Nada mais sou do que um rio
Que passa e não tem maré
Não sou nada além de rio.
Sou a água doce que alimenta os índios
E a morada dos peixes e das baraúnas.
Sou o rio que refresca os animais
que não mais aguentam esse Sol escaldante.
Sou um rio estreito com a profundidade do mar.
Sem maré, sou mais mar do que rio
De águas doces feito mel.
Sou rio pois minha água nunca é a mesma
Sou rio, pois sou do povo, dos índios e dos bichos.
Pertenço a natureza com seu explendor.
Sou o rio mais escondido da Amazônia
que testemunhou a chegada dos portugueses
e a brutalidade acontecida com meus caros amigos, índios.
Senti a dor da terra ao ter suas árvores e bichos mortos e levados para Portugal.
O gosto do sangue indígena foi dissipado em minhas águas,
E presenciei as índias esbeltas serem estrupadas.
Vi o desespero do meu povo ao ser arrebatado e enganado.
Só não pude trazer de volta a paz da tribo
Desde então escravizados e catequizados.
Vi de perto a luta para não deixar de lado a sua crença
E a morte pela doença trazida pelo homem branco.
Vi minha pátria ser saqueada e colonizada e
Nada pude fazer ao ver meus amigos sofrerem,
Mas minhas águas levaram todo sofrimento sentido
E as memórias que desejaram esquecer.
Por isso sou mais mar do que rio.