BOCA DO INFERNO I
"A cada pessoa deve-se dar o que lhe pertence"
O olhar do olhar pertence ao
a-pelo do olhar profundamente instigador e generoso de ARAUTO SOTURNO
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ENCOURAÇADO
Os instrumentos tem resquícios medievais
A fala
O som metálico
Uma aura de museu
Velhos carrascos
Pesar dos dias
Ameaças vazias
Cacoetes e sorrisos montados em design moderno
Velhos dias
Trapos de pessoas bem educadas
Alta sociedade
Saciedade da tortura
Do azeite fervendo em câmera lenta
Matem a!
Costurem à boca ao silêncio
Prendam a!
Você se descobre
Bem ali naquela vala
Encobrem os tantos corpos por testemunho
A volta das baionetas
Os quepes em desalinho
Amputados frios
Brasil da ditadura
Os lustrados coturnos
Os cascos batendo
Fumaça...
Fogo...
Câmara ardente...
Não mais
Nunca mais
Mate e (re) vivemos
A rosa de todas as tragédias
Sobrevive as chacinas
volta dos temporais
em pé e de pé
para todas as primaveras
genocídios fascistas
distanciem suas saídas
causa-efeito
veneno da liberdade
o gigante está doente
em suas filosofias demoníacas
dementes
Morticínio...
O extermínio sistemático em massa
DITADURA NUNCA MAIS!
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Inspiração/ancoragem: GREGÓRIO DE MATOS-ROSA LUXEMBURGO
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“Aqui jaz
Rosa de Luxemburgo
Judia da Polônia
Vanguarda dos operários alemães
Morta por ordem
Dos opressores.
Oprimidos,
Enterrai as vossas desavenças!”
(Brecht)
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#Texto da série: Da luta contra a ditadura