BRASIL DO ÍNDIO
Terra à vista foi o grito
De Cabral o seu legado
O agouro de um passado
Que jamais será escrito
A história de um país
Ex-colônia exploratória
Que foi sugado na raiz
Por ouro, guerra e glória
Exploração que seguiu linha
Do escambo de Caminha
Nas feitorias de Pau Brasil
Extração do índio varonil
Era das navegações
Da expansão e de tratados
Onde europeus foram dragões
E selvagens desumanizados
O tratado de Tordesilhas
Foi entre Portugal e Espanha
Veio Martim p'ra essas ilhas
Contra corsários sua campanha
Terras donatárias várias
Mais uma de suas façanhas
P'ra nobres reforma agrária
Nas capitanias hereditárias
Teve o pacto colonial
O disfarce do vigário
Na sociedade patriarcal
Colônia não tem honorário
No "doce" engenho insolação
Latifúndio com escravos
Monocultura a produção
Com rebeldes açoitados
Importação com alto cambio
Teve tráfico negreiro
Nas senzalas sem banheiro
Fome e doença p'ra "mulambo"
Capitação, quinta, coronelismo
Ciclo do ouro e escravismo
Nas casas de fundição, não
Português não tem lirismo
Nem o bravo bandeirante
Um viajante implacável
O ousado desbravante
Dessa selva impermeável
Ao nativo dominado
O Jesuíta linha dura
Destruiu sua cultura
E o tornou civilizado
À sua terra natal, o índio
Falou tchau, sucumbiu
Tido como um animal
Onde já era Brasil
Essa história foi de fel
Da bela virgem do mangue
E o seu lábio de mel, que
Chorou lágrimas de sangue
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