BRASIL DO ÍNDIO

Terra à vista foi o grito

De Cabral o seu legado

O agouro de um passado

Que jamais será escrito

A história de um país

Ex-colônia exploratória

Que foi sugado na raiz

Por ouro, guerra e glória

Exploração que seguiu linha

Do escambo de Caminha

Nas feitorias de Pau Brasil

Extração do índio varonil

Era das navegações

Da expansão e de tratados

Onde europeus foram dragões

E selvagens desumanizados

O tratado de Tordesilhas

Foi entre Portugal e Espanha

Veio Martim p'ra essas ilhas

Contra corsários sua campanha

Terras donatárias várias

Mais uma de suas façanhas

P'ra nobres reforma agrária

Nas capitanias hereditárias

Teve o pacto colonial

O disfarce do vigário

Na sociedade patriarcal

Colônia não tem honorário

No "doce" engenho insolação

Latifúndio com escravos

Monocultura a produção

Com rebeldes açoitados

Importação com alto cambio

Teve tráfico negreiro

Nas senzalas sem banheiro

Fome e doença p'ra "mulambo"

Capitação, quinta, coronelismo

Ciclo do ouro e escravismo

Nas casas de fundição, não

Português não tem lirismo

Nem o bravo bandeirante

Um viajante implacável

O ousado desbravante

Dessa selva impermeável

Ao nativo dominado

O Jesuíta linha dura

Destruiu sua cultura

E o tornou civilizado

À sua terra natal, o índio

Falou tchau, sucumbiu

Tido como um animal

Onde já era Brasil

Essa história foi de fel

Da bela virgem do mangue

E o seu lábio de mel, que

Chorou lágrimas de sangue

®

NoOnee
Enviado por NoOnee em 13/10/2016
Reeditado em 04/03/2017
Código do texto: T5790671
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