“O Operário”
O Operário liga o rádio,
Ouve o anúncio primeiro:
Na construção do edifício “tal”,
Precisa-se de servente de pedreiro.
O Operário fala ao Mestre da Obra:
Eu vim aqui pra trabalhar,
Porque ouvi um anúncio,
De que vocês iam fichar!
Você volta aqui depois,
A verdade eu te falo:
A turma aqui faz hora extra,
Pra ganhar mais de um salário.
O Operário fica nervoso,
Quase que fica “biruta”.
Toma uma decisão:
Eu vou é trabalhar na indústria!
O Operário pergunta:
Tem vaga? Tem!
E o ordenado eu já sei:
Se descarregar cinco caminhões por dia,
Vai ganhar um salario e meio!
O Operário fica triste,
Eu vou é criar galinha!
Se eu carregar tanto peso,
Fico sofrendo da espinha!
O Operário chega em casa,
Toma ideia ao seu vizinho.
Ele diz estar custando,
Dois reais um pintinho!
Você compra uns dois mil,
É o que estou pensando.
Trate-os com bastante ração,
Com seis meses estão botando.
O Operário fica triste,
Com a cara de paixão.
Como vou compra pintinho,
Se não tenho um tostão?
E em meio aos pensamentos,
Toma outra decisão:
Eu vou é mudar pra roça,
Plantar arroz e feijão!
A mulher até concorda,
Mas é obrigada a explicar:
Marido e nossos filhos,
Que precisam estudar?
O Operário fica nervoso,
Junta os trapos e fala pra mulher:
Mulher, eu vou-me embora,
Fique com seus filhos, se vire como quiser!
Aí aumenta o sofrimento
Do marido e da mulher,
Já nem falando das crianças,
Que nem sabem o que querem.
Ah, eu nem vou contar mais esta história,
Não há coração que aguente,
Por saber tanta injustiça
Do Governo e o presidente.
Mas nós vamos indo pra frente,
Nossos direitos caçar,
Lutando de pouco a pouco,
Nós iremos encontrar!
Maria Zenita de Jesus