PÁTRIA AVILTADA

Oh pátria minha

Eis me aqui pranteado aos teus pés

Com assaz lamento ao teu destino fatídico

Velo sem perceber teu corpo estendido,

Escarnificado, impudico,

Violado e corrompido

Foste para mim, angélica e amada figura

Minha patriazinha, morada dos meus sonhos

Meu solo, meu futuro sonhado

Eu que tantas vezes a testemunhei

Tão feliz,

Tão risonha, eras minha pátria

Em promessas majestosas de esperanças

Abraçando teus filhos,

Tão inocentes, doces crianças

Apanágio da missão que te encerra

Também fui tocado por este canto pungente

Cantei teu hino, nas fanfarras da escola

Hasteei tua bandeira,

Orgulhoso e contente

Enlevei-me com tua glória

Um soldadinho, disposto a morrer por ti

Oh Pátria, eu sonhei dias tão grandes

Por ti, batalhei na minha lida

Vi a felicidade nos teus olhos incontida,

Nos momentos floridos

Quando os príncipes te amavam

E você parecia adolescente e feliz

Porém eles te seduziram, te cegaram

Enrolaram-se em tua bandeira

Onde haviam prometido em arroubo

Fazê-la uma nação digna e verdadeira

Justa, alentando em ti

O símbolo da nova era

Você parecia tão exultante,

Como um anjo de sorriso fulgurante

Com flores no cabelo, tomada de quimera

Pronta para o futuro

Que pensavas brilhante

Mas o futuro que tu esperavas não veio

O progresso se furtou como a justiça,

Não veio a pujança nem a dignidade

Sobrou-te apenas o escárnio

E as malévolas consequências da cobiça

Os príncipes que te prometeram proteção

Na verdade eram egoístas

Patifes, agentes do mal

Que queriam apenas usa-la,

Corrompê-la, explorá-la

Em seus próprios interesses

Agora abandonada, descuidada

E já perdida

Vaga nos becos solitários

Sem saída

Onde se desfaz em lamúrias

Aqueles que te juraram amor

A vida toda

Exploraram teu corpo,

magoaram teu coração

Venderam-na para orgias

Violentaram-a para satisfazer

Seus instintos mais perversos

Perdido o bom senso, nada mas lhes afeta,

Não se importam em praticar baixezas

Nem se coram diante da sordidez

Com que praticam a vilania

Tampouco se acanham, com a desonra

Não disfarçam as intenções

Não se abalam com a tirania

Que desfaçatez! Que lúgubres figuras!

Quanta infâmia, quanta amargura

Deitam no peito

Dos que verdadeiramente te amam

No seu rito aberrante de loucura

Assim prosseguem na orgíaca indecência,

Sem fim, nem sentido, no dionísico festim

A turba demente!

Nem se dão conta, que a pátria cativa

Amordaçada, já não geme,

Porque está morta, dentro de sua gente!

No auge deste furor suicida

A súcia de malfeitores, se alterna insaciada

Entregam-se aos prazeres, malta ensandecida

Gozando no banquete, dividindo teu corpo

Em fétida conivência,

Fornicam em bando, cruelmente

A própria terra prometida!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 18/06/2016
Reeditado em 15/07/2018
Código do texto: T5671435
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