Rés Pública
Tenho medo de quem é dono da verdade
E faz alarde
Em praça pública
De quem se gaba circunferência
Sendo elipse
E conjura as pragas do Apocalipse
A quem ousa usar a própria consciência
Tenho medo de quem desdenha de criança
E defende as armas como símbolo de orgulho
Eu desgosto de quem faz tanto barulho
Sem nenhuma alegria ou esperança
Tenho ódio dos que odeiam odiadores
De quem faz a luta bruta por esporte
E aclama os gladiadores
Que se batem até a morte
Tenho procurado esconderijos
Dos salvadores da nação
Que usam de corrupção
Pra erguerem seus palácios sujos
Tenho procurado o momento
Em que o berço esplêndido rua
E que o povo, outra vez, na rua
Saiba erguer a voz num canto
Que quebre a barreira da opressão e do som
Que fale mais alto que a voz
Do hino esquecido no tom
Da liberdade de asas soltas sobre nós