ACORDA PÁTRIA
Oh pátria infeliz, a quem teus filhos, tanto maltrata
Dormes irrefletida no teu sono surdo e infecundo
Repousas neste berço esplendido, sem saber,
Que não és mais o florão iluminado do novo mundo
És agora pátria aviltada, cheia de angústias e pesares
Porque sob os raios fúlgidos do teu sol azul e profundo
Pulula uma súcia hostil e infiel, cuja vileza se desata
Em mentiras e sofismas a ofuscar teu existir moribundo
Como tirar de ti, a nódoa, o vírus que te contamina
Se escrevem e te cantam, em cultos cegos em redundo,
Que difama virtudes, enfada-se com a verdade e moi
Conceitos opostos no moinho rude do rancor mais fundo
Oh mãe, tua alma sitiada, tens na justiça tua clava forte
Tremule teu pendão, lance nos ares, teu grito iracundo
Desmascare quem te injurias e os vis que te envergonham
Puna os filhos insensatos, lave de vez este desdouro imundo
Assim se o fizer, poderás ser despojada, mas nunca indigna
Mesmo no chão mutável onde rolam procelas todo segundo
Irás dizer adeus aos gananciosos que roubam e te humilham
E reacender o amor em ti, em todos, do qual ainda me inundo!
Que decole o colosso e que não se deixe afundar no abismo
Da submissão ao mal, que condena toda audácia ao degredo
Resgate o ideário de Andrada, o fulgor de tua alma atrevida
Pátria te prefiro, ensanguentada e ferida, a viciada no medo!