ACORDA PÁTRIA

Oh pátria infeliz, a quem teus filhos, tanto maltrata

Dormes irrefletida no teu sono surdo e infecundo

Repousas neste berço esplendido, sem saber,

Que não és mais o florão iluminado do novo mundo

És agora pátria aviltada, cheia de angústias e pesares

Porque sob os raios fúlgidos do teu sol azul e profundo

Pulula uma súcia hostil e infiel, cuja vileza se desata

Em mentiras e sofismas a ofuscar teu existir moribundo

Como tirar de ti, a nódoa, o vírus que te contamina

Se escrevem e te cantam, em cultos cegos em redundo,

Que difama virtudes, enfada-se com a verdade e moi

Conceitos opostos no moinho rude do rancor mais fundo

Oh mãe, tua alma sitiada, tens na justiça tua clava forte

Tremule teu pendão, lance nos ares, teu grito iracundo

Desmascare quem te injurias e os vis que te envergonham

Puna os filhos insensatos, lave de vez este desdouro imundo

Assim se o fizer, poderás ser despojada, mas nunca indigna

Mesmo no chão mutável onde rolam procelas todo segundo

Irás dizer adeus aos gananciosos que roubam e te humilham

E reacender o amor em ti, em todos, do qual ainda me inundo!

Que decole o colosso e que não se deixe afundar no abismo

Da submissão ao mal, que condena toda audácia ao degredo

Resgate o ideário de Andrada, o fulgor de tua alma atrevida

Pátria te prefiro, ensanguentada e ferida, a viciada no medo!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 02/01/2016
Reeditado em 02/01/2016
Código do texto: T5497803
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