O Asco Político
Entre o proselitismo
E o silêncio gritante
O descalabro andante:
Lúgubre proxenetismo.
O impaciente delito
Esse pileque demente
Onde encontro o grito
A morte da nossa gente.
Essa ratoeira gêmea
Donde nada se absolve
Nem macho nem fêmea
O mal que nunca dissolve.
Não haveria tanta cadeia
Talvez sequer sepultura
Esse povo não incendeia
Nem modifica a cultura.
Fica difícil ficar calado
Num cadáver assim vivo
Aceitar o retrato falado
Deste podre tumor reativo.
A pobreza é disrítmica
Nada aprende ou repreende
Uma tristeza arrítmica
Onde ninguem se surpreende.
Esse mal atravessa gerações
A ciência que deveria unir
Se reúne em macabras ações
E intenções perpétuas de punir.
Eu que não realizo a mudança
Reclamo o próprio perdimento
O que vale protestar a andança
Se a revolta é um relato lento?
Cabe a mim rogar a praga
Que nunca pega e modifica
Se ninguém se prontifica
Parece que o povo em si, caga.
A alma me desprende da luta
A sorte sempre nos abandona
Nessa crescente de filho da puta
Que meu país virou essa zona.
Antigamente eu humanizava
Esperançoso, quase alienado
No meio da força escrava
Hoje na merda vivo a nado.
Nem me calo nessa proeza
Neste universo de abstração
A barra forçada é uma beleza
Da economia em retração.
Os governos reclamam taxas
Tributos e outras contribuições
Parece que os bolsos são caixas
A esquecer das retribuições.
Essa insolente apurrinhação
Tem um viés partidário
Eu finjo que mudo a ação
E ganho um título de otário.
O ódio não tem interrupção
Me dano em nada poder
Para acabar com a corrupção
De que destina a nos f*der.