O barco em que navego é Portugal
Esquina a Costa de África de semblante
Ilude aos barcos cheios, com o olhar
Abre os portões da Europa de rompante
Mar de ilustres homens a remar.
Olha em frente, sem temer a nada
Costas guarnecidas com escudo
Trava-se batalha inacabada
Daqueles cujo mar louco lhes brada
Decidir o incerto destino do mundo.
Divide, reparte e compartilha
Tuas riquezas de onde o sol nunca se vai
De ocidente vem o ouro, a maravilha
Tapeçarias e turquesas, d'outra ilha
A grandiosidade que entra e não mais sai.
Fita a Grécia antiga de outros tempos
O império de Neptuno e outro tal
Brada a belicosa vela içada aos ventos
A nobreza da coragem sem igual.
O barco em que navego é Portugal.