NO REINO DOS CAMBALACHOS
Quem me dera usufruir
De um império afortunado
E em riqueza construir
Um palácio ornamentado
Onde pudesse inspirado
Ao meu Paraíso subir.
Disseram para avançar,
Não era preciso mais nada
Senão saber conjugar
Toda a luz da madrugada
Em energia conjugada
Com fulvo sol a brilhar.
Este Império ambicionado,
Fruto de um sonho feliz
Ao pé do mar instalado,
Afinal é o meu País
Onde já criou raiz
Um berbicacho danado…
Triste do povo, coitado,
Já é tarde p´ ra acordar
Sente que foi enganado
E agora tem que emendar
Se é que pode restaurar
Aquele Reino encantado.
Embalado em emoções
E com promessas douradas
Deu o aval às intenções
Da nau das favas contadas
E nas negras madrugadas
Evaporaram-se os milhões.
Buracos e golpes baixos
Crateras e mais crateras
Os “heróis” ganharam tachos
E o tempo das loucas eras
Disse adeus às primaveras
No Reino dos cambalachos…
Entre os abismos e o céu,
Onde vai parar este Reino,
Destroçado em lumaréu?
Por maior que seja o treino
Ninguém lhe ajusta o freio
De tão trágico troféu.
Não há nobreza que resista
Nem Pátria que aguente
E quem dera que persista
Uma esperança à sua frente…
Ó cidadão Luso, ó crente,
Mantém tua Alma à vista!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA